Bem, acho que é interessante comentar algumas questões "de peso" aqui. Primeira: muitas pessoas talvez digam que, dado o meu peso e tal, o meu caso não é recomendado para a cirurgia bariátrica. Bom, meu IMC atualmente gira em torno de 35, 36. Eu sei que há pessoas mais obesas que eu. Por que então optar pela cirurgia? O fato é que tenho engordado sem parar nos últimos dois anos. Passei dos 69 para os 89 em um ano e meio. Se continuar desse jeito, onde vou parar? Será que preciso atingir a obsesidade mórbida (IMC: 40 ou +) para só então tomar uma resolução? Sei que as pessoas em geral acham que a cirurgia é a opção mais fácil, mas tenho lido muito e sei que não é. Muito pelo contrário: é uma decisão radical, extremada mesmo. Há que se ter muito esclarecimento e vontade de mudar para se passar por ela. E vontade de mudar eu tenho!
Tem coisas que só quem é gordo(a) já vivenciou e pode compreender. Uma vez, por exemplo, no dia do meu casamento, coloquei o vestido e fui pra igreja, casei (e, acreditem, eu estava me sentindo meio patética naquele vestido, embora ele fosse clássico e discreto- vai ver que por isso me deu uma crise de riso no meio da cerimônia...). Após o casório, cheguei em casa e mudei de roupa, coloquei uma calça jeans e blusa (não teve festa). Surgi na sala e uma chata tia do meu marido disse então, pra todo mundo ouvir: "Nossa! Mas tá bem melhor agora!" Aff.. tem gente que é mesmo sem noção! Mas essa é apenas uma das cenas que a gente vive, e um dos muitos absurdos que ouvimos quando estamos fora do "padrão" (odeio essa palavra). Fora que há sempre aqueles comentários chatos: "Então, tá fazendo regime?", "Nossa, você vai comer tudo isso?", "Ah, não deixa ela entrar na piscina senão a água vai acabar..." e por aí adiante... Dói, viu? A gente faz de conta que não liga, leva na esportiva, mas por dentro... isso detona com a nossa auto-estima.
Tudo isso, aliado aos problemas que a obesidade acarreta (diabetes, pressão alta, desânimo, depressão), fez com que eu começasse a pensar em tomar uma atitude mais drástica. Os últimos dias então, têm sido sinistros: já não quero sair de casa, tem dia que não quero nem sair da cama! É difícil ter que ir trabalhar e saber que vou encontrar um monte de gente, porque eu simplesmente não quero ver gente! É a roupa que não serve, é a aparência desconfortável no espelho, é um sentimento de impotência e desânimo total da vida. Isso lá é normal? Enfim, tenho certeza de que não sou a única a passar por isso, nem a ter dúvidas quanto à decisão de fazer a cirurgia...
Por enquanto, vou pesquisando sobre o assunto e tentando viver um dia de cada vez.